O Corinthians está passando por uma grave crise, tanto dentro como fora de campo. Nos bastidores do clube, o presidente Augusto Melo enfrenta um desgaste significativo após o escândalo envolvendo a VaideBet, que ganhou destaque nas páginas policiais. Em meio a essa turbulência, Melo está trabalhando para reconstruir sua diretoria, que sofreu baixas importantes recentemente. Nomes como Yun Ki Lee (diretor jurídico), Rozallah Santoro (diretor financeiro) e Fernando Alba (diretor-adjunto de futebol) deixaram seus cargos devido ao descontentamento com a gestão do clube diante das acusações.

Investigação e Crise Interna

O caso VaideBet, revelado inicialmente pela ESPN, está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Financeiros do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). A denúncia aponta um possível esquema de intermediação fraudulenta com a empresa “Rede Social Media Design LTDA”, envolvendo um “laranja” no repasse de pagamentos feitos pelo clube.

Além das questões legais, o Corinthians enfrenta o impacto financeiro da perda de um contrato de R$ 360 milhões com a VaideBet e atrasos salariais que afetaram até os funcionários do Parque São Jorge. Internamente, há uma crescente preocupação com a possibilidade de um impeachment de Augusto Melo, uma situação já considerada “real” por algumas figuras dentro da diretoria alvinegra.

Augusto Melo em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10)
Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Preparação para um Possível Impeachment

Fontes informaram à ESPN que, apesar de Augusto Melo publicamente descartar a possibilidade de impeachment, ele e seus aliados estão cientes e preparados para essa eventualidade. A base legal para tal movimento está no Artigo 106 do estatuto do clube, que permite a destituição de administradores que causem prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians. Conselheiros do clube acreditam que a omissão de Augusto Melo pode levar a uma convocação do Conselho Deliberativo para discutir sua possível destituição.

Atualmente, não há um requerimento formal de impeachment, mas a situação pode mudar rapidamente. Pessoas ligadas à oposição estão tratando o assunto com cautela devido ao delicado momento que o clube atravessa.

Argumentos para o Impeachment

A polêmica em torno do pagamento de notas fiscais emitidas pela intermediária “Rede Social Media Design Ltda” é um dos principais argumentos para um possível impeachment. Em uma entrevista recente, Augusto Melo questionou a existência de provas contra Marcelo Mariano, diretor administrativo do clube, que foi acusado de pressionar o pagamento das notas mesmo durante a ausência do diretor financeiro.

Melo defendeu Mariano, afirmando que ele é um diretor administrativo competente e que não há nenhum requerimento interno para seu afastamento. No entanto, a ESPN apurou que membros da diretoria sugeriram a necessidade de afastar temporariamente tanto Marcelo Mariano quanto Sergio Moura, então superintendente de marketing, para garantir a integridade das investigações.

O Posicionamento de Augusto Melo e a Oposição

Em uma coletiva de imprensa, Augusto Melo minimizou a possibilidade de impeachment e reafirmou sua intenção de corrigir os erros da gestão:

“Impeachment não existe. E golpe aqui ninguém vai dar. Fui eleito pelo voto, foram 16 anos de uma dinastia e ninguém vai mudar isso. Errei, estamos corrigindo e o impeachment não me assusta”.

Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, também descartou a possibilidade de impeachment em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, destacando que não há provas suficientes para justificar tal ação:

“Não tem impeachment. Não dá para falar em impeachment em quatro meses de gestão e sem provas. Foi ação ou omissão do Augusto? Não defendo ele nem ninguém. Nós estamos investigando. É necessário individualizar a conduta. Se ele tiver culpa no cartório ele cai”.

Por outro lado, Armando Mendonça, 2° vice-presidente do Corinthians, afirmou à ESPN que não apoia o impeachment, defendendo que ajustes na gestão devem ser feitos através de conversas e entendimento:

“Não sou a favor [de um impeachment]. Uma gestão que precisa de ajuste não se corrige com impeachment, e sim com conversas, entendimento. Existe um movimento da oposição para isso acontecer. Entendo que não há argumento jurídico para isso”.

Contexto e Consequências

A crise no Corinthians é um reflexo da instabilidade administrativa e financeira que o clube enfrenta. A perda do patrocínio da VaideBet, os escândalos de intermediação fraudulenta e os atrasos salariais são apenas alguns dos problemas que têm impactado a gestão de Augusto Melo. A possibilidade de impeachment, embora ainda não formalizada, coloca o clube em uma posição delicada, exigindo uma resposta rápida e eficaz para preservar a integridade e a imagem do Corinthians.

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